O poder do silêncio

Publicado  terça-feira, 23 de novembro de 2010


Por Guilherme Costa


O silêncio pode ser o topo das paradas no Reino Unido no Natal desse ano. Como assim?  É isso o que desejam os criadores da campanha Cage Against The Machine. Não, você não leu errado. É CAGE mesmo.

Após o sucedido movimento do ano passado (milhares de fãs que se cansaram de ex-participantes de reality shows liderando as paradas da Inglaterra, se reuniram para comprar o single "Killing in The Name Of", do Rage Against The Machine. A música foi a mais vendida na semana do Natal na Inglaterra, e venceu Joe McElderry, com o single "The Climb"), vários grupos se mobilizaram para também tentar emplacar seus artistas favoritos na posição esse ano. Mas nenhum tem tanta chance de sucesso como esse, o Cage Against The Machine.

Killing in the name of, vencedora do ano passado.


O grupo escolheu a peça clássica “4’33″”, escrita em 1952 por John Cage, para a façanha. O curioso é o tema dessa peça: o silêncio. John Cage fez uma sinfonia do silêncio. São quatro minutos e trinta e três segundos, divididos em três movimentos, de silêncio.

Caso o movimento tenha o mesmo sucesso do de 2009, as rádios da Inglaterra tocarão SILÊNCIO por 4 minutos e meio. Seria, no mínimo, um estranho primeiro lugar de rádios que, por exemplo, já premiaram o sucesso dos Beatles.

Porém, o que mais deve ser observado nisso, são os motivos da escolha da peça de John Cage. Logicamente, se trata de ironia, contestação. É como se dissessem ao mundo e às gravadoras, só interessadas em música comercial: “Ei, não queremos mais ouvir isso que vocês produzem!”. O próprio nome do movimento, inspirado no nome da banda vencedora do ano passado, demonstra isso. Cage contra o sistema.

A página da campanha no Facebook já tem mais de 50.000 adeptos. Resta saber, em cerca de um mês, se o silêncio vai ser consagrado, e se uma das idéias mais malucas, irônicas e geniais da historia da musica será consagrada.

“4’33″", de John Cage, executada pela Orquestra Britânica.

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